segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Última página do Estrelão

Há mais de um mês o Beira-Rio fechava para definitivas reformas, o que transformará em um estádio novo. Há três semanas um Gre-Nal encerrava as atividades do Olímpico. Há uma semana a Arena do Grêmio era inaugurada. E hoje o Estrelão viveu seu último clima de jogo. É a história do futebol da capital sendo escrita com a velocidade de um turbilhão.

Desde que me conheço por gente sabia que havia dois estádios na capital. Olímpico e Beira-Rio. Lá pelos idos de 1995, com 13 anos, conheci o Passo da Areia, no seu formato antigo, pois estudava no IAPI e certa vez fugi da aula com um amigo para ver um final de jogo entre Grêmio e Juventude pelo Gauchão. E numa das primeiras vezes que passei pela Protásio Alves descobri aquele outro estádio. Do Esporte Clube Cruzeiro. Pensei: um clube gaúcho com o mesmo nome do time de Belo Horizonte. Uma cópia? Não. O original é o nosso. O mineiro, outrora Palestra Itália, foi rebatizado na década de 1940.

A vez primeira que pisei no Estrelão foi mais tarde. Em 2006, acompanhei Cruzeiro e Guarani de Venâncio Aires pela Segundona Gaúcha, 1 a 1. Depois, assisti o jogo contra o Estrela e o Riograndense de Santa Maria. Anos mais tarde vi uma partida contra o São Paulo de Rio Grande. Mas a partir de 2009 fui mais frequente no Estrelão. O primeiro jogo que o blog acompanhou pela Copa FGF foi Cruzeiro 4 x 2 Milan de Júlio de Castilhos. De uma arquibancada de poucos degraus ao lado do pavilhão. Onde tinha sombra.

Mas a grande satisfação viria no ano seguinte. Numa fria e chuvosa tarde de quarta-feira, fui testemunha da vitória sobre o Brasil de Farroupilha por 3 a 2 e o acesso à Divisão Principal. Aquela festa protagonizada por jogadores e torcedores dentro do gramado não sai da memória. O grito de "ôôôô, o Cruzeirinho voltou" (que o Ernani Campelo não me ouça, mas o diminutivo soa carinhoso, não pejorativo) ecoava aos pés do Morro Santana. O fruto de um trabalho árduo e honesto do clube dava resultado. Mesmo que em competições anteriores o Cruzeiro amargasse as últimas posições, mas mantendo a pujança do clube, lá estava ele em campo. Mas parafraseando Baltazar, "Deus guardava algo melhor". O esporte sabe reconhecer aquele que trabalha com afinco, persistência e correção.

E está aí. O Cruzeiro vira uma página, que começou na Montanha da Medianeira, hoje o Cemitério João XXIII. Ontem, o Estrelão. Agora, a sua Arena em Cachoeirinha. Time na Primeira Divisão e até com campeonatos nacionais disputados. E coube a Welder, garoto formado na base, base esta que formou o time que subiu, marcar o último gol da antiga casa, na vitória diante do Combinado Gaúcho por 1 a 0.

Como diz eu hino, "Salve glorioso Cruzeiro / unido no ardor e na fé / cinquenta anos passaram / e o Cruzeiro continua em pé". Cada vez mais em pé. De bandeira na mão. Tremulando aos novos ventos. Garantindo o glorioso passado e futuro.

Cruzeiro alinhado com o pavilhão social ao fundo. Agora, apenas na memória. Foto: aquivo pessoal.

Estrelão em dia de jogo. Foto: arquivo pessoal.

Coube a Welder, da base cruzeirista, anotar o último gol do Estrelão. Foto: arquivo pessoal.

2 comentários:

  1. Texto legal!!!parabéns pra quem o escreveu!!!

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  2. Boa tarde a todos, parabéns pelo o blog, acompanho muito o futebol gaúcho.

    www.assuntodofutebol.com.br

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