segunda-feira, 15 de julho de 2013

VIOLÊNCIA - Agressão ao assessor da Chapecoense

Mais um relato de violência contra profissionais da imprensa esportiva vindo de Joinville. No ano passado, o narrador da Rádio Cidade de Brusque Rodrigo Santos foi agredido por representantes da Federação Catarinense de Futebol enquanto trabalhava na Arena Joinville, o que pode ser lido com mais detalhes aqui.

E neste final de semana mais um fato deste ocorreu no mesmo local. O jornalista Diego Carvalho, assessor da Chapecoense e que trabalha para a Aguante Comunicação foi agredido por integrantes da Polícia Militar, com imagens divulgadas pelo canal Sportv. Confira o relato do jornalista:

"Primeiramente quero dizer aos meus amigos, aqueles de fé, que demonstraram preocupação, tentaram de alguma forma fazer contato, seja por rede social, telefone da minha esposa, da minha mãe, enfim, que apesar de todo dolorido, com as costas doendo pelas estocadas com cassetete, pescoço e garganta inchados,além do braço machucado, que me encontro vivo. Sim, porque depois de tudo que o Brasil assistiu nas imagens que circulam na internet, me resta agradecer a Deus por esta bênção. Estendo às centenas de desconhecidos que externaram em diversos veículos também suas indignações, percebendo a injustiça, abuso de autoridade e agressividade cometida, o meu muito obrigado. 

Diferente do que geralmente sei fazer e, modéstia à parte, muito bem, me faltam palavras de por onde começar. Poderia me defender antes. Acusar, quem sabe? São mais de cinco horas da manhã e ainda não consegui descansar. As imagens insistem em permanecer na mente. Depois de quase duas semanas de protestos por um Brasil melhor, sendo que manifestantes foram agredidos em todo o país, chegou a minha vez de sofrer com o despreparo de pessoas que deveriam defender o cidadão de bem e manter a ordem. Embora não tenha vivido tal época, senti-me sendo apreendido pelo Departamento de Ordem Política e Social, o famoso DOPS. A censura em cima do trabalho jornalístico, com mentiras veladas para saírem como inocentes e a tentativa de distorcer fatos na década de 60, foi por mim sentida na pele, literalmente, neste dia 13 de julho de 2013. 

Um major da Polícia Militar de Santa Catarina que exerce o ‘hobby de arbitragem’ - e sem ironias, porque apitar futebol é lazer remunerado, não profissão, como já foi destacado no programa Redação Sportv do dia 16 de outubro passado - batizado Jefferson Schmidt, promoveu toda a balbúrdia. Mas em súmula, orientando o principal, Rodrigo D’Alonso Ferreira, criou factóides que as imagens brutas hão de desmentir. Todavia, a amplitude do assunto e o avançar da hora, me fazem ir ao ponto crucial. Ao término da partida entre Joinville Esporte Clube e Associação Chapecoense de Futebol, clube o qual presto Assessoria de Imprensa, através da Aguante Comunicação, devidamente credenciado, exercendo meu serviço, adentrei ao gramado para fotografar os atletas que buscaram um empate valioso na casa adversária. Todos brincaram e festejaram muito, por conta de declarações e provocações advindas do outro lado ao longo da semana. Frases e colocações, aliás, que fazem parte do futebol, servem para fomentar a vontade, o brio, porém, sem deslealdade, diferente dos que ali estavam para garantir a segurança do espetáculo. Ao retornar em direção aos vestiários, após acompanhar o atacante Bruno Rangel jogar sua camiseta para o torcedor na ala Sul do estádio, fui interpelado pelo assistente Carlos Berkenbrock acerca do meu documento de trabalho, pois não podia ali estar sendo do time. Expliquei, que costumeiramente aqui no Estado, diferente do Rio Grande do Sul, por exemplo, a ‘carteirinha’ fica com o delegado da partida. Ao me dirigir para devolver o colete da Federação Catarinense de Futebol e retirar o meu documento, pessoal e intransferível, percebi cerca de cinco homens me escoltando, sendo que não entendia o motivo. Ao deparar com Schmidt, este incitou toda a violência de seus colegas de farda ao dizer que eu estava errado na ocasião, pois apenas tinha a ACEG, do meu estado de origem, não possuía ACESC e nem ABRACE. Aliás, a nacional que paguei em janeiro passado e até hoje não me foi entregue pelo presidente da entidade gaúcha. Quando fui fazer a troca citada acima, colete pelo documento, levei um tapa no braço e fui agarrado de pronto por este rapaz. Nisso, a carteira caiu e aparentemente a situação iria apaziguar, até que com algum código, a ordem passada foi me apagar. Só senti quando o agressor me aplicou o golpe chamado mata-leão, que para quem não é preparado, meu caso, pode inclusive provocar hemorragia cerebral e causar lesões sérias, até mesmo a morte. Depois disso, as imagens todas veiculadas demonstram meu prejuízo. Alguns colegas de profissão, ausentes do local do imbróglio, se equivocaram ao comentar o episódio, afirmando, levados pela emoção das autoridades oficialescas, que eu não possuía credencial. Depoimentos comuns àqueles que não pregam a máxima de ouvir os dois lados. Quem assiste com calma, percebe um senhor de óculos, atrás dos gradis, levantando meu documento e dizendo ‘está aqui’. 

Depois disso, fui levado em camburão fechado, a chamada ‘caixa-preta’, para uma delegacia, como verdadeiro bandido. Fiquei cerca de uma hora aguardando o delegado retornar de seu jantar para prestar depoimento e assinar termo circunstanciado. Estou indiciado por resistência à prisão e, pasmem, tentativa de furto. Concluam, amigos, o que seria resistência à prisão com cerca de dez brutamontes ao meu redor e o crime de pegar meu documento pessoal para devolver o colete de trabalho. Lamentável. Minha mãe hipertensa, com problemas cardíacos, só conseguiu falar comigo às 23h, ou seja, mais de quatro horas após o episódio. Poderia ter tido um problema sério por conta do despreparo de uma pessoa que estava na escala como quarto árbitro, não como policial, que ofendeu, humilhou e ainda por cima distorceu fatos. Quem paga a conta? O Estado? Talvez se eu não ‘apagasse’, como usam tal expressão para quem desfalece por algum golpe, poderia estar que nem Vladimir Herzog, dada as proporções da forma que trataram o colega morto pela ditadura militar. Que país é este? Para citar Renato Russo. Ou, dando voz aos Titãs, ‘polícia para quem precisa’, do que certamente não era meu caso.

Por fim, dentro de todas as gravidades, minha ACEG não foi devolvida, nem na Delegacia. Ou seja, estou cerceado do meu direito de trabalhar, pois sem ela, não posso exercer a profissão de jornalista esportivo".

As imagens do Sportv: 


Aguardemos o desenrolar dos fatos.

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