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Suíça 2 x 1 México (2 de
julho)
A Suíça estreou na Copa com uma derrota
para a Iugoslávia por 3 a 0, em Belo Horizonte em dia 25. Três dias depois, os
helvéticos obtiveram resultado surpreendente: 2 a 2 com o Brasil, no Pacaembu,
São Paulo. E, primeiro de julho, o Brasil enfrentou a Iugoslávia, e venceu por
2 a 0. Desta forma, suíços e mexicanos jogariam dia 2 já sem chances de
classificação, o que desmotivou a torcida porto-alegrense. O público foi
estimado em 4 mil pessoas.
A Folha da Tarde Esportiva do dia 1
estampava: “A estréia dos suíços –
atração do internacional de amanhã, na Rua Silveiro”. A estreia referida
era na cidade de Porto Alegre, na partida de caráter internacional. Em
preparação ao jogo, os mexicanos treinaram no campo do Cruzeiro, a Montanha
(onde hoje é o Cemitério João XXIII). Já a Suíça treinou nos Eucaliptos.
Mesmo sendo dominada em boa parte da
partida, a Suíça venceu por 2 a 1. “Despediu-se
a Suíça com um triunfo” deu como manchete a FT. Eis as impressões da
partida, obtidas na edição do dia 3 de julho na Folha da Tarde Esportiva.
“Tratando-se de dois conjuntos sem
qualquer pretensão ao cetro do foot-ball mundial, o público não se mostrou
muito interessado em presenciar a contenda, motivo por que a renda auferida nas
bilheterias foi quiçá a menor de quantas arrecadadas nesse certame: Cr$
94.700,00”.
“(..) a Suíça compareceu com grande
contingente de afeiçoados, que se concentrou em determinado local das
arquibancadas com bandeiras e lenços rubros com a cruz branca, acenando e
estimulando os jogadores”.
“Quando faltavam 15 minutos para o início
do prélio, entrou em campo o quadro mexicano, que vestia as jaquetas do E. C.
Cruzeiro, visto que as suas serem semelhantes às do conjunto suíço; ao
ingressar na cancha, os mexicanos empunhavam as bandeiras do Brasil e do E. C.
Internacional”.
“Os primeiros quatro minutos de ações
pertenceram inteiramente aos mexicanos, que carregavam com frequência,
obrigando aos suíços a um estafante trabalho defensivo; aos poucos, porém,
refazendo-se da surpreendente investida adversária, os europeus reagiram (...)
numa carga bem tramada, atiraram com violência, indo o couro chocar-se com o
travessão (...) Aos 11 minutos, obtiveram o fruto de sua atuação melhor (...) o
México cedeu escanteio que foi batido por Fatton; defendeu parcialmente um
zagueiro mexicano e Zader, que estava um pouco atrazado, emendou no ar,
colocando o couro no fundo das redes (...)“.
“Aos 15 minutos, numa carga cerrada do
ataque mexicano, um zagueiro suíço defendeu com a mão, cometendo penalty, que o
juiz suéco fez que não viu...”.
“Com os mexicanos quase sempre no ataque,
o jôgo prosseguiu até o 45°. minuto, quando numa carga dos suíços Antenen e
Tamini tramaram e o insider, deslocado para a ponta direita, atirou com
violência, enviezado: o arqueiro Carvallal apanhou a bola, mas deixou que
escapasse das mãos, indo parar no fundo do arco; era o segundo tento dos
suíços”.
“O panorama do segundo tempo pode ser
resumido em poucas palavras: desde o seu início, os mexicanos se atiraram ao
ataque, dispostos a recobrar a diferença, mas suas investidas careciam de vigor
(...); o onze helvético não se limitou apenas em defender; quando lhe era
possível, investia a base de escapadas perigosas, que por vezes puzeram em
pânico a defensiva mexicana (...)”.
“Entretanto, aos 44 minutos, o México
logrou obter a sua única conquista: um defensor atirou o couro sôbre a pequena
área e Borgogna ensaiou uma 'bicicleta', indo o couro oferecer-se para Casarin,
que emendou no ar, vencendo a vigilância de Hug (...)”.
A Suíça formou com Hug; Neury e Bocquet;
Lusendi, Eggimann e Quinche; Tamini, Antenen, Friedlaender, Bader e Fatton. O
México teve Carvallal; Gutierrez, Gomez e Rocca; Ortiz e Uchôa; Florez,
Naranjo, Casarin, Borgogna e Velasquez. O árbitro foi o sueco Yvan Eklind, cuja
atuação não foi das melhores; “preocupou-se
em não apitar muito, deixando passar muita falta sem punição, quando o mais
recomendável seria fazê-lo, pois o infrator acabou sempre levando vantagem”,
segundo avaliação da FT.
Ademais, sabe-se bem o que se sucedeu
nesta Copa. O Brasil, franco favorito, foi enredado pelo clima de “já ganhou”
presente no Rio de Janeiro e o Uruguai, velho carrasco do Brasil até então
aplicou o famoso “Maracanazo”, levando a sua segunda taça. Já a seleção
nacional passava mais um atestado da síndrome de inferioridade, apenas superada
nos meados da década, quando Pelé, Garrincha, Vavá, Didi e Cia. e a organização
de Paulo Machado de Carvalho começaram a traçar a história de uma seleção
vencedora.
Estamos prestes a começar a Copa do Mundo
na África do Sul, onde mais uma vez somos favoritos. E muito já se discute
sobre a edição de 2014, onde seremos sede. E a discussão gira em torno dos
estádios que vão receber os jogos: a polêmica do Morumbi, que não sabe se será
palco da abertura da competição; do estádio de Brasília, que estava projetado
para 70 mil pessoas e agora terá apenas 45 mil; estádios que nem saíram do
papel, como os de Natal e Olinda. E as verbas públicas para reformas de
estádios privados, o que não era admitido antes. Enfim, a história é cíclica,
trocando apenas os personagens, passados 60 anos.
Na transcrição dos trechos das edições do
Correio do Povo e da Folha da Tarde Esportiva, foi mantida a grafia da época.
Texto
e pesquisa: Alexandro Gomes.
Fontes:
Edições do Correio do Povo e Folha da Tarde Esportiva (1950); Todas as Copas,
de 1930 a 1998, Lance! (1998); Presidentes do Brasil, volume 1, Editora Rio
(2003).
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