quinta-feira, 12 de junho de 2014

Porto Alegre e a Copa de 1950 - parte 2

       Voltando à Copa. Em 4 de maio, a notícia era das preocupações do técnico da seleção nacional, Flávio Costa: as arbitragens, a concentração dos jogadores e também a seleção inglesa, considerada por Costa a grande concorrente. Ver-se-ia, tempo depois, que a Inglaterra seria o grande vexame da Copa, sendo recepcionada na volta com um protesto dos jornais locais na forma de anúncios fúnebres.

      No dia 17 de maio, a Folha da Tarde anunciava que o prefeito Ildo Meneghetti elevava para 500 mil cruzeiros o auxílio do município para a reforma no estádio dos Eucaliptos. Observa-se que, 60 anos depois, há a discussão do uso do erário público na reforma ou construção de estádios para a Copa de 2014. O tempo passa, a história se repete...

      Em 22 de maio, seria realizado no Palácio Itamarati, às 16h, o sorteio das chaves da Copa do Mundo. Representando a FRGF, o seu presidente, Aneron Correia da Silveira. Ficaram assim definidas: Brasil, México, Iugoslávia, Suíça (Chave A); Inglaterra, Espanha, Estados Unidos, Chile (Chave B); Itália, Suécia, Paraguai, Índia (Chave C); Uruguai, Bolívia, Portugal, França (Chave D). A participação da seleção lusitana ainda era uma incógnita e a FIFA já cogitava substituí-la por Egito ou Israel.

      Sorteadas as chaves, era momento de montar a tabela de jogos. E a manchete de 25 de maio na FT: “Dia 25 de junho, em Porto Alegre, Uruguai x França pelo Campeonato do Mundo”. Esta frase demostrava a grande satisfação de se ter na capital gaúcha um grande jogo de duas grandes seleções. Mas a alegria duraria pouco.

      Além de Porto Alegre, cogitava-se, para a primeira rodada, partidas em Juiz de Fora (Suécia x Índia), Curitiba (Bolívia x Portugal), Rio de Janeiro (Brasil x México, partida inaugural e Espanha x Inglaterra), Recife (Suíça x Iugoslávia), São Paulo (Itália x Paraguai) e Belo Horizonte (Estados Unidos x Chile). Campinas era outra cidade também listada, a priori.

      Na edição de 31 de maio da FT, a novidade era o convite da CBD para que se formasse uma seleção Gre-Nal para a disputa de um amistoso preparatório contra a seleção brasileira A (titular), a ser jogado no domingo, dia 4 de junho. O palco seria o estádio de São Januário. No dia seguinte, eram divulgados os jogos que seriam disputados em Porto Alegre: além de Uruguai x França, Iugoslávia x México e Suíça x México, adversários do Brasil na primeira fase.

      Dias depois se confirmavam duas desistências: em 2/6, em telegrama enviado pelo “governo civil de Lisboa”, Portugal não iria à Copa por “não estar tecnicamente preparada para a prova máxima do football internacional”. E a França abdicava da competição por discordar da tabela de jogos, alocados em sedes separadas por grande distância (Recife e Porto Alegre). Outra versão dava conta que, depois de derrotas esmagadoras para Escócia e Bulgária, os franceses teriam dito: “Que iremos fazer no Rio?”. E não vieram. Quem também ameaçava não vir era a Iugoslávia.

      No domingo sequente, dia 4, enfrentavam-se em São Januário o Combinado Gaúcho e o Brasil, cuja prévia anunciava, no CP, como uma “prova de fogo da Seleção Brasileira frente à fibra gaúcha”. Ao final, derrota do Combinado por 6 a 4, gols de Ademir (3 vezes), Zizinho e Jair (duas vezes), com Hermes, do Grêmio, fazendo todos os tentos dos gaúchos.

      A Seleção venceu com Barbosa; Augusto e Mauro; Eli (Bauer), Danilo (Rui) e Alfredo (Noronha); Maneca, Zizinho (Ademir), Baltazar, Ademir (Jair) e Chico. O Combinado Gre-Nal alinhou com Ivo; Nena e Jari; Hugo, Ruarinho e Heitor; Balejo, Hermes, Adãozinho, Mujica e Ariovaldo (Aris). Mário Vianna apitou a peleja, com renda de 111.970 cruzeiros. Ainda sobre o futebol local, o Grêmio fez amistoso em Santa Cruz do Sul (8/4), na inauguração do Estádio dos Eucaliptos, do Esporte Clube Avenida. E venceu por incríveis 13 a 2.


      Na edição de 14 de junho, os enviados do CP Cid Pinheiro Cabral e Santos Vidarte, a caminho da Capital Federal, pararam em Curitiba, e criticaram o estádio Durival de Brito, pertencente então ao Ferroviário. Nas palavras de Cid, “o estádio não apanha mais gente do que a geral do Cruzeiro”, e a única reforma feita foi a construção de calçadas ao redor do estádio. Sobre o Estádio dos Eucaliptos, o anuncio era referente à cerca que separa o campo da arquibancada, aumentada para 2,80 m.

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